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terça-feira, 5 de novembro de 2024

Sé Catedral de Évora / Basílica Sé de Nossa Senhora da Assunção

 


Mais conhecida por Catedral de Évora ou Sé de Évora, o seu verdadeiro nome é Basílica Sé de Nossa Senhora da Assunção. É a maior catedral medieval de Portugal e não tem paralelo no resto do país.

A Sé de Évora “protege” a cidade desde a parte mais alta, o lugar escolhido para outros edifícios icónicos de Évora como o Templo Romano de Évora (Templo de Diana), o Museu de Évora ou o Centro de Arte e Cultura Eugénio de Almeida.

Mas vamos à catedral. Para lá chegar, só tem que subir a Rua 5 de outubro, uma das melhores para comprar artesanato alentejano. A Catedral de Évora, cuja construção foi iniciada em 1186 e consagrada em 1204, foi concluída apenas em 1250. É um monumento fascinante e imponente. Toda em granito, é marcada pela transição do estilo românico para o estilo gótico.

Foi melhorada durante os séculos XV e XVI, sendo dessa época o coro-alto, o púlpito, o batistério e o arco da Capela de Nossa Senhora da Piedade ou capela do Esporão (1529). Esta capela da Sé de Évora é um testemunho invulgar de arquitetura híbrida plateresca.

No século XVIII, a Catedral tornou-se mais rica com a construção da capela-mor, apadrinhada por D. João V. Aqui, os mármores provenientes de Estremoz assumem particular importância na surpreendente conjugação com a rigidez das linhas romano-góticas.

Podem também contemplar-se naquela capela um lindíssimo Crucifixo, chamado Pai dos Cristos, que se encontra por cima da pintura de Nossa Senhora da Assunção; estátuas alegóricas dos bustos de São Pedro e São Paulo; e um espetacular órgão de tubos do período renascentista.

Podem ver-se duas torres do período medieval de cada um dos lados da fachada da Sé de Évora. A torre do lado sul é a torre sineira, aquela cujos sinos mandam no tempo da cidade. De cada um dos lados do seu portal existem espetaculares esculturas de Apóstolos, do século XIV, da autoria de Mestre Pêro.

No exterior da Catedral de Évora, no entanto, o zimbório é o elemento arquitetónico mais espetacular. A torre-lanterna do cruzeiro das naves, do reinado de D. Dinis, coroado por uma agulha de escamas de pedra é de facto o ex-libris deste monumento.

Para além da entrada do pórtico principal, há ainda a Porta do Sol, com arcos góticos, e a Porta Norte, reconstruída no período barroco.

A imponência da Sé de Évora pode ver-se também nas três grandes naves no seu interior. Na mais alta das três, a nave central, encontra-se o altar de Nossa Senhora do Anjo (ou Nossa Senhora do Ó). Todo ele em talha barroca, com imagens góticas da Virgem Maria em mármore e do Anjo Gabriel. Também na nave central, podem admirar-se o púlpito e um lindíssimo órgão de tubos do período renascentista.

As antiquíssimas Capelas de São Lourenço e do Santo Cristo e as Capelas das Relíquias e do Santíssimo Sacramento, decoradas com adornos de talha dourada, abrem-se no transepto. Aqui, no topo norte, encontra-se o espetacular portal renascentista da Capela dos Morgados do Esporão.

Junto à entrada, na nave esquerda, abre-se o batistério, fechado por belas grades férreas renascentistas. Nos claustros, do século XIV, podem ver-se estátuas dos Evangelistas em cada canto. O claustro da Catedral de Évora, belo testemunho gótico, é engrandecido pela capela funerária do seu fundador, o Bispo D. Pedro. O seu túmulo gótico ainda aí se encontra. Recentemente, os túmulos dos Arcebispos de Évora falecidos no século XX foram também colocados no claustro.

O coro é do período manuelino. Tem um valioso cadeiral quinhentista de madeira de carvalho, com desenhos flamengos esculpidos, retratando cenas mitológicas, naturalistas e rurais.

A Sé Catedral de Évora inclui ainda um Museu de Arte Sacra com um espólio valiosíssimo nas áreas da paramentaria, pintura, escultura e ourivesaria. De entre as várias peças aqui guardadas destacam-se uma Virgem do Século XIII (Nossa Senhora do Paraíso), a Cruz-Relicário do Santo Lenho (século XIV), o Báculo do Cardeal D. Henrique e a galeria dos Arcebispos. Este Museu encontra-se instalado no antigo Colégio dos Moços do Coro da Sé, edifício adjacente à catedral.

Texto retirado da página web: https://www.visitevora.net/se-catedral-evora/

EB 1 de Estoi - Antiga Escola Visconde de Estoi - 75 anos

 


 EB 1 de Estoi - Um pouco da sua história

Apesar do no início da década de 30 o governo reduzir o tempo de ensino obrigatório de 4 para 3 anos (Dec. N.º 18 140, de 28 de Março de 1930), verifica-se também que o governo na sua ação deu especial atenção para a construção de escolas, independentemente do objetivo politico que se pretendia atingir. Para concretizar esta linha politica, a 30 de Setembro de 1932 foi publicado o decreto n.º 21 697 que regulamentava a atribuição de subsídios para a construção de edifícios escolares, processos de assistência técnica e administração das obras. É neste sentido que o Governo consulta todas as Autarquias, no sentido de averiguar se era possível levarem a efeito obras para a construção de escolas sendo que o estado poderia comparticipar as respetivas obras até 50% do seu valor. É neste enquadramento que em meados de 1934, se iniciam contatos com o Ministério da Instrução Pública no sentido de levar a cabo a construção de duas escolas em Estoi. “Possui esta Comissão Administrativa da Junta de Freguesia de Estoi a importância de setenta mil escudos, os quais destina à construção de um ou dois edifícios escolares conforme as instâncias competentes o decidirem, mas de modo a ficar a freguesia com instalações para seis lugares de professor; provem a referida importância do legado do Visconde de Estoi, que por disposição testamentária determinou que fosse aplicada na construção de escolas; é insuficiente o actual número de professores – três, sendo dois para o sexo masculino e um para o feminino – em serviço nesta freguesia, e muito deficiente a instalação das actuais escolas; há muito tempo que esta Comissão Administrativa dispõe da supra referida importância, e deseja, como convém ao povo de Estoi e ao cumprimento das obrigações desta Comissão Administrativa, dar início, mediante comparticipação do Estado, à construção do edifício ou dos edifícios escolares. Por tais motivos, vem esta Comissão Administrativa rogar a V. Ex.ª se digne a informar quanto à repartição a que se deve dirigir para obter a respetiva planta e o mais que for necessário à organização do processo em que esta Comissão Administrativa pretende solicitar a comparticipação do Estado.” Várias foram as diligências tomadas no sentido de construir duas escolas na aldeia de Estoi, sendo que em 1936 foi um ano decisivo para poder levar avante o projeto de construção da escola, nomeadamente a Junta teve de adquirir um terreno com 1068 m2 para construir a escola terreno esse que foi vendido pelo Presidente da Comissão Administrativa Joaquim Belchior, pelo valor de 8000$00.

Ainda no mês de Agosto (a 25 de Agosto de 1936) o Governador Civil do Distrito de Faro através de ofício, informa a Junta de Freguesia que apesar da mesma insistir na comparticipação 50% do Estado no valor das duas escolas (76.200$00 [escola de 4 salas] e 49.600$00 [escola de duas salas]), o parecer do Ministério de Educação Nacional era de um edifício de 4 salas. O edifício a construir decorreu dos projetos regionalizados de escolas primárias apresentados pelos Arquitetos Raul Lino e Rogério de Azevedo entre 1933 e 1935 (Beja, 1990), sendo que a solução escolhida para Estoi foi a do Arqt.º Raul Lino edifício Tipo Algarve – 4 salas. 3 Fig. 1: Desenho do edifício Fig. 2: Planta Rés do Chão Fig. 3: Planta 1.º Andar

No entanto, e de acordo com Beja (1990) verifica-se que antes de chegar a esta conclusão ainda esteve em estudo a construção em Estoi de uma escola Projeto Tipo III – Centro para a escola feminina de Estoi. (Fig. 4) Conforme parecer do Ministério da Educação Nacional, em Setembro de 1936 é coloca- do a concurso a construção da escola em Estoi pelo valor de 47.750$00, tendo assumido essa obra José do Serro Junior e Oscar Serafim Paulo. Destaque-se que a 24 de Fevereiro de 1937 foi comparticipado pelo Fundo de Desemprego 20.000$00 para a obra de “Construção de um edifício escolar de 4 aulas em Estoi”. Contudo, verifica-se que a 24 de Fevereiro de 1938 a Direção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais solicitava esclarecimento à Comissão Administrativa da Junta de Freguesia de Estoi se “está ou não habilitada a comparticipar com os 50% restantes, ou seja com a importância de 25.500$00 a fim de, em caso afirmativo, se poder promover a concessão de comparticipação igual por parte do Estado”. Porém, verificou-se que após a Comissão Administrativa ter comparticipado o valor solicitado a Direcção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais propôs-se a comparticipar nesse ano somente 10.000 $00, logo que “os materiais em deposito e os trabalhos executados perfaçam valor equivalente”, sendo que essa proposta criou algum mal-estar entre as referidas instituições. No entanto, de acordo com ofício da Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais datado de 26 de Dezembro de 1938, verifica-se a Comissão Administrativa da Junta de Freguesia se comprometeu a concluir todos os trabalhos do edifício escolar pela importância de 51.000$00. Durante o ano de 1939, as obras decorreram dentro da normalidade, no entanto existi- ram vários problemas técnicos com a instalação da fossa, porém, em Setembro de 1939 encontravam-se em fase adiantada, sendo que a Junta de Freguesia solicita a criação de mais 1 lugar de professora para a escola feminina. 4 Fig. 4: Alçado principal

Por fim, a 22 de Setembro de 1939 a Junta de Freguesia recebe o ofício n.º 1466 da Direção dos Edifícios do Sul no qual o Engenheiro Diretor Humberto Mendes Correa informava que iria providenciar que o edifício fosse entregue, informando ainda que o Estado iria abonar a restante comparticipação. No entanto, contrariamente ao estipulado no Decreto n.º 20 433 de 16 de Outubro de 1931 refere no art.º 1.º que “em todos os edifícios dos estabelecimentos dependentes do Ministério da Instrução Pública que tenham sido adquiridos, construídos ou ampliados após 28 de maio de 1926, será aposta na fachada principal, embebida no reboco da alvenaria, uma placa de mármore, de modelo uniforme, com a seguinte inscrição gravada (…) Edifício adquirido sob o Governo da Ditadura Nacional. Ano de 19…”, (sendo que posteriormente essas placas foram substituídas por placas que referiam “construído”, “concluído” ou “ampliado” de acordo com os casos) a Escola de Estoi presentemente não tem qualquer placa de data de construção, existindo somente uma inscrição na calçada na frente da escola que refere “Escolas Vis- conde de Estoi”. A Escola iniciou aulas no ano letivo 1939/40, contudo a essa data ainda não dispunha de cantina, sendo que foram necessários aproximadamente 30 anos para se proceder à construção da cantina, sendo de 21/07/1970 a memória descritiva da mesma. Fig. 5: Fotografia da Escola antes da década de 70

O auto de entrega da obra foi de 20/12/1971, sendo que durante essa obra foi ainda contemplado a construção do portão lateral de cargas e descargas. As seguintes obras que o edifício escolar sofreu datam de 1977: construção das escadas para o 1.º andar em alvenaria (até essa data eram em madeira), casas de banho, muros, alpendre, janelas na parte posterior da escola, pavimentos e construção de uma zona de trabalhos manuais em cada uma das salas. Esta obra inicialmente tinha o prazo de um ano contudo o seu prazo foi alongado tendo havido 3 prorrogações, datando a última de 31/03/1979. Saliente-se que durante este período de obras, três das turmas transita- ram para um edifício na Rua Visconde de Estoi, e uma ficou na cantina da Escola, nomeadamente a turma cuja titular de turma era a Prof.ª Eurídice. 6 Fig. 6: Alçado principal e posterior da cantina da escola Fig. 7: Alçado lateral e posterior da indicando algumas das zonas que sofreram alterações Fig. 9: Fachada do edifício que albergou a escola de 1977 a 1979

No ano de 1990 surgiu outra alteração ao espaço escolar tendo sido solicitado a 17/12/1990 a construção de uma sala de ensino especial, sendo que a mesma foi autorizada e foi construída ao lado da cantina nas traseiras do edifício principal. Refira-se ainda que durante a década de 80 foi instalado na lateral do edifício um parque infantil, que servia quer os alunos quer outras crianças, pois a escola não se encontrava vedada. Esse parque viria a ser desativado na década de 90 e viria a ser construído novo parque infantil em 2007 nas traseiras do edifício principal e em frente à sala de educação especial (que à data já era uma sala de aula do ensino regular). Atualmente o edifício da Escola de Estoi pertence à Junta de Freguesia de Estoi após deliberação de Câmara datada de 12/12/2012. 

Referências Bibliográficas:

Beja F., Serra J., Machás E. & Saldanha I. (1990). Muitos anos de escolas - Edifícios para o ensino infantil e primário até 1941, Vol. I: Ministério da Educação. Lisboa

Malobbia P. (2009). Estoi, identidade e transformação. Câmara Municipal de Faro. Faro 7 Fig. 8: Alçado Principal sala educ. especial


Viana do Castelo - Praça da República (antiga Praça da Rainha)

 

A Praça da República é, há já quinhentos anos, o centro cívico da cidade. Os edifícios do topo nascente da praça rainha constituem um emblemático tríptico monumental de elevado valor arquitetónico: o elegante chafariz ao centro, ladeado pelo edifício da Misericórdia e os Antigos Paços do Concelho, cuja construção teve lugar na primeira metade do século XVI.

Texto retirado da página web da Câmara Municipal de Viana do Castelo

sábado, 2 de novembro de 2024

Mosteiro de Alcobaça (1153)


Fundado em 1153 pelo primeiro Rei de Portugal, D. Afonso Henriques, e derradeira fundação da Ordem de Cister em vida de São Bernardo de Claraval, o Mosteiro de Alcobaça é um dos mais completos e mais bem preservados conjuntos arquitetónicos cistercienses subsistentes em toda a Europa. Detentora de um vasto território com cerca de 440 km 2 (os famosos Coutos alcobacenses) e protegida pela monarquia portuguesa ao longo dos séculos, a «Real Abadia» de Alcobaça tornou-se locus sepulcral dos reis D. Afonso II e D. Afonso III, e das rainhas D.ª Urraca e D.ª Beatriz, bem como do Rei D. Pedro I e de D.ª Inês de Castro, cuja trágica estória se imortalizou nos seus magníficos túmulos. O Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça foi construído entre os séculos xii e xv, conforme o projeto da sua abadia mãe, Claraval. Na sequência da criação da Congregação Autónoma de Portugal (1567), momento em que se torna a «cabeça» dos cistercienses portugueses, e em virtude de novas necessidades espácio-funcionais e critérios estéticos, o mosteiro sofre significativas ampliações arquitetónicas (séculos XVI a XVIII), destacando-se a construção do Paço Abacial e Hospedaria, da Cozinha, da Sala dos Reis, do Claustro do Cardeal, da Capela Relicário e da Capela do Desterro, obra-prima do Barroco português. Particular referência merece a reformulação da fachada (símbolo do poder da novel congregação), que ostenta esculturas em mármore de Carrara, italianas, representando Santa Maria, São Bento e São Bernardo. Após a extinção das ordens religiosas em Portugal (1834), o mosteiro integrou os bens da Coroa e, desde então, é propriedade do Estado português, sendo tutelado pelo Ministério da Cultura, através da Museus e Monumentos de Portugal, E.P.E. Durante a 2.ª metade do século XIX e inícios do século XX sofreu vicissitudes várias, mas manteve intacta a sua unidade e integridade, tendo sido alvo de uma campanha de restauro em «Unidade de Estilo» (meados do século XX), protagonizada pela extinta DGEMN, a qual lhe «devolveu» a sua imagem original. Em 1989, o Mosteiro de Alcobaça foi inscrito na Lista do Património Mundial da Humanidade da UNESCO, por ter sido considerado uma Obra-prima do Génio Criador Humano (critério I), pela arquitetura da igreja, exemplo perfeito da estética cisterciense e da espiritualidade de São Bernardo de Claraval, e pelos túmulos de D. Pedro I e de D.ª Inês de Castro, expoentes máximos da escultura tumular em Portugal, e (critério IV) por ser um exemplo absolutamente extraordinário de um grande estabelecimento medieval, preservando a maior parte dos lugares regulares primitivos e edifícios posteriores, bem como um engenhoso sistema hidráulico. Durante os seus mais de 700 anos de existência, a Abadia de Alcobaça foi um dos mais florescentes centros europeus de produção e irradiação de Cultura: embora respeitando a Unidade do «Mundo cisterciense», os monges alcobacenses desenvolveram uma Identidade própria, de que é expressão máxima a sua arquitetura, nomeadamente, na adoção de soluções construtivas únicas na Europa coeva (como as três naves da igreja à mesma altura), e os manuscritos produzidos no seu Scriptorium, conservados na Biblioteca Nacional de Portugal. Hoje, mantendo o Espírito do lugar e a sua vocação cultural, o Mosteiro de Alcobaça atrai visitantes de todo o mundo, assumindo-se como um palco para a celebração da diversidade cultural e um lugar de diálogo para a Paz. Preservar e comunicar o seu Valor Universal Excecional, no presente e para o futuro, constitui a nossa missão.

Ana Pagará (Diretora do Mosteiro de Alcobaça.)

Texto retirado: Pagela Anunciadora de emissão Mosterio de Alcobaça - 2024

domingo, 20 de outubro de 2024

Rota das Catedrais Igreja da Sé Nova - Coimbra - Portugal


A Sé Nova de Coimbra é a Concatedral da Diocese de Coimbra. Foi, até à expulsão dos Jesuítas de Portugal (1759), a igreja do Colégio do Santíssimo Nome de Jesus, um dos muitos colégios universitários de Coimbra. É um templo católico localizado no Largo da Feira na freguesia de Sé Nova, Santa Cruz, Almedina e São Bartolomeu, município de Coimbra, em Portugal.

Próximo da Universidade de Coimbra, o Colégio das Onze Mil Virgens (vulgarmente designado de Sé Nova), é de origem Jesuíta, cujos clérigos se haviam instalado na cidade em 1541. O templo começou a ser construído em 1598, com projeto do arquiteto oficial dos jesuítas de Portugal, Baltazar Álvares, influenciado pela igreja do Mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa. As obras desenvolveram-se com lentidão, e o culto somente se iniciou em 1640, sendo o templo inaugurado apenas em 1698.

Texto retirado da wikipédia

Granja do Marquês - 100 anos da Aeronáutica

 

Granja do Marquês - Capela e Palácio

Em Sintra, milhares de portugueses, animados pela contemplação diária do mar e da serra, experimentaram a aeronáutica ao servir na Força Aérea. Muitos fizeram ali a sua carreira militar, adquirindo uma especialização ou competências de comando únicas. Alguns, como tripulantes, alçaram voo, concretizando o sonho de voar.

Esta emissão selo, datada de 12 de outubro de 2020, assinala o centenário do início do primeiro curso de pilotagem na Granja do Marquês. A partir de 20 de fevereiro de 1920, a Escola de Aviação Militar, transferida de Vila Nova da Rainha, preparou-se para reavivar a nobre atividade da instrução de voo.

A Escola de Aviação Militar pôde assim evoluir, organizacional e estruturalmente, e passou a ter uma série de denominações diferentes, de acordo com os diversos aspetos que a caracterizaram ao longo de um século. Em 1939, em resultado da reorganização da Força Aérea, passou a chamar-se Base Aérea n.º 1 e continuou a acolher, sentimental e profissionalmente, todos os “aviadores” das várias especialidades.

A Escola combinava experiência, conhecimento e know-how aeronáutico em suas múltiplas facetas, contribuindo para a formação dos primeiros pilotos civis em Portugal e representando uma mais-valia para a Aeronáutica Militar na sua transformação em Força Aérea Portuguesa, em 1952.

A pequena pista inicial, de apenas 400 metros de comprimento em 1920, foi ampliada e, no final da década de 1930, estava sendo usada como Aeroporto Internacional de Lisboa. A partir da década de 1960, evoluiu para uma infraestrutura aeronáutica excepcional na qual aviões a jato modernos foram usados ​​para instrução de pilotos.

Ao longo de mais de 100 anos, a Granja do Marquês acompanhou os desenvolvimentos prodigiosos da aviação, tornando-se um ponto de referência em termos da especificidade de sua instrução e ensino, operações e patrimônio. Mais adiante, na sequência da reformulação da estratégia nacional durante a década de 1970, a evolução técnica e tecnológica, a aquisição e utilização de novas capacidades, bem como a necessidade de aumentar e aprofundar o conhecimento aeronáutico numa abordagem transversal ao papel da Autoridade Aérea, levaram a que se concentrasse, na Granja do Marquês, áreas de inovação relacionadas com o ensino e a formação militar de pessoal, através da criação do Instituto de Estudos Superiores e da Academia da Força Aérea.

A atividade aérea operacional esteve na vanguarda durante os desafiadores anos 30 e 40, com a atribuição, ainda que por apenas alguns anos, de modernos bombardeiros noturnos e de um esquadrão de caças, mantendo-se também as responsabilidades no contexto da formação elementar, básica e avançada de pilotos. Mais tarde, missões como o transporte de VIPs ou o reconhecimento e pesquisa de recursos naturais, entre outras, foram atribuídas à Unidade.

O património histórico e edificado desta Unidade da Força Aérea inclui o Palácio, a Capela e os antigos edifícios, que se tornaram um ícone da Força Aérea Portuguesa. O Palácio, adquirido pelos descendentes do Marquês de Pombal, é uma típica casa senhorial do século XVIII, sucessivamente ampliada para satisfazer requisitos funcionais, mas sempre respeitando a arquitetura original.

Paralelamente, o desenvolvimento da coleção aeronáutica mantida na Unidade e a necessidade de criar novos espaços museológicos levaram à extensão, em 2011, das instalações do Museu do Ar, que inclui as principais coleções da Força Aérea Portuguesa, bem como uma componente de aviação civil.

A Granja do Marquês, com o seu nobre passado e honrosa atividade, é um exemplo irrefutável de património imaterial, pela sua riqueza de princípios e cadeia de valor, os padrões referenciais que caracterizam a Força Aérea, tendo a Base Aérea n.º 1 como fiel depositária do património histórico e legado das tradições aeronáuticas da Aviação Militar/Força Aérea Portuguesa em Sintra, bem como a Academia da Força Aérea e o Museu do Ar. Como um espaço aeronáutico celebrado que continua a moldar o espírito de missão das novas gerações, sustenta e promove tudo o que une e distingue, assegurando um valor transcendental que pode ser transportado para o futuro.

(Texto retirado da pagela da emissão filatélica)

Arrecada do Gaio, séc. VI a.C. (encontradas numa sepultura na região de Sines)

Arrecada do Gaio, séc. VI a.C. foto / photo: Luísa Oliveira / Museu Nacional de Arqueologia. DGPC/ADF

O geógrafo grego Estrabão dedicou, nos inícios da nossa era, uma secção da sua Geografia ao elogio da riqueza aurífera da Península Ibérica, em particular ao seu Sudoeste (Geog. 3.2.8), e a arqueologia faz jus a esse elogio. Desde o início das idades dos metais a ourivesaria foi campo privilegiado de experimentação e meio preferido de produção de objetos de prestígio: grandes joias de ouro maciço (chegando a pesar bem mais um quilograma), que marcam o final da Idade do Bronze. Esta riqueza, e o intercâmbio de outros metais - como o bronze, em liga; os seus constituintes, o cobre e o estanho; ou o ferro, cuja tecnologia teve um impacto civilizacional - estabeleceram uma rede de contactos abrangendo todo o Mediterrâneo e o Atlântico. Minério, mas também objetos acabados (por vezes mesmo sob a forma de sucata) viajavam, tal como viajavam produtos de luxo de origem oriental – levantina, minor-asiática, egípcia – que os fenícios produziam de acordo com estilos artísticos que misturavam várias destas influências. Desta forma, os fenícios trouxeram para a Península técnicas novas na ourivesaria, como a filigrana e o granulado, e demonstraram possibilidades até aí insuspeitadas de outras técnicas já conhecidas, como a estampagem de finas lâminas como processo decorativo. Tornaram também populares novas tipologias de joias, entre elas a arrecada (um brinco com duplo sistema de suspensão). Os brincos não eram desconhecidos na joalharia da Idade do Bronze, mas a explosão do seu uso ao longo da Idade do Ferro, revela uma tendência social de raízes mais largas, que a tecnologia acompanha: a valorização das joias destinadas à mulher. Houve importações de joias orientais, mas o impacto foi muito mais profundo, e os próprios ourives peninsulares rapidamente aprenderam e aplicaram essas novas técnicas. Existem até alguns casos de peças que são, do ponto de vista formal e da sua construção, típicas da Idade do Bronze, mas foram decoradas já com pormenores de inspiração oriental. Mas a produção de grandes joias de aparato foi abandonada - talvez porque a afirmação do poder, que elas garantiam, escolheu outras formas de expressão - e esses ourives peninsulares, ao longo de gerações, criaram novos modelos, alguns de enorme originalidade, sempre baseados nas influências mediterrânicas antes recebidas. A presente emissão recolhe um exemplo de uma peça importada e outro de uma peça de produção peninsular. A arrecada do Gaio é uma «arrecada de trompetas», característica pelo seu corpo lunular que suporta uma coroa decorativa composta por várias trompetas. É uma joia oca, formada por uma multiplicidade de peças estampadas, que potencia o impacto visual com um mínimo de metal precioso. É datável dos finais do séc. VII a.C. ou da primeira metade do séc. VI. Especialmente interessante é o pormenor de cada uma das trompetas ser unida ao corpo lunular por uma minúscula cabeça humana, que representa a deusa egípcia Hathor. As arrecadas foram encontradas numa sepultura na região de Sines, com outras peças de ourivesaria e objetos importados, constituindo um mobiliário funerário de assinalável riqueza. O Monte Molião, próximo de Lagos, foi um importante povoado indígena da costa algarvia ao longo de toda a Idade do Ferro. A arrecada do Monte Molião é uma «arrecada com pendente de espirais», característica pela sua placa formada por seis espirais contíguas (dispostas em pirâmide invertida: 3-2-1), cada uma delas decorada por um grânulo central, e com outras aplicações de filigrana noutras partes da joia que tinha, para além disso, alguns engastes de pedras semipreciosas (sabe-se que eram usadas a cornalina e a turquesa, pelo menos) ou pasta de vidro, de que atualmente só restam as tiras de retenção. Datável nos inícios do séc. V a.C., é uma produção típica do Sudoeste peninsular; uma oficina relacionada que estava instalada na Cabeça de Vaiamonte (Estremoz), e aí produzia brincos de filigrana nos finais do séc. II a.C.

Virgílio Hipólito Correia

(Texto retirado da pagela da emissão filatélica)